Tenho um carinho especial pela Nazaré. Sempre tive.
Está mais viva que nunca e as ondas gigantes trouxeram e trazem gente de todo o mundo para a visitar. Há energia, movimento e muita gente, sempre.
Passo por lá sempre que posso e inevitavelmente percorro aquela avenida, encontrando as famosas Nazarenas e o peixe seco que ali vendem, cumprindo a tradição.
Alugam-se quartos, apartamentos e todo o tipo de estadias, e a persistência com que o fazem, bem como o sorriso com que nos recebem mostram como as Nazarenas são da raça que não desiste.
Mas também são cada vez menos.
E as rugas que carregam, bem como o vazio no olhar, contam-nos uma história de vida de trabalho árduo, dedicação e perseverança, bem como de dor e perda, e uma noção clara de que os tempos que se avizinham trazem consigo ventos de mudança e um final anunciado desta tradição, mais uma, que um dia não irá existir ao passarmos naquela avenida.
Com o tempo, vou-me apercebendo destas mudanças.
Apercebo-me das Senhoras que deixam de aparecer, das que passaram a aparecer vestidas de negro, das que carregam agora a tristeza no olhar.
Tenho imenso respeito pelas Nazarenas e pela forma como ainda hoje preservam as suas tradições.
Como ali voltam, dia após dia e se submetem ao sol abrasador, ao desconforto e à indiferença de tantos que por ali passam.
São elas que mantêm viva parte da cultura desta vila piscatória, que perdura há tantos anos.
Deixo estas fotografias com o maior carinho e respeito por elas.



